Design wellness é o novo luxo silencioso dos lares contemporâneos
Estética sensorial e minimalista transforma casas em refúgios de bem-estar e pertencimento
Durante décadas, o luxo foi barulhento. Ele morava nos móveis espelhados, nos ambientes instagramáveis e nos objetos que gritavam por status. Mas os últimos anos, intensos, solitários, esgotados, mudaram radicalmente a direção do desejo. O novo símbolo de sofisticação não é mais o que se mostra, é o que se sente, e mais do que nunca, se sente em casa.

“A estética do bem-estar, ou design wellness, como já é chamada nas grandes capitais, está substituindo o excesso por sensibilidade. Hoje, o sofá mais valioso é aquele que comporta a família inteira em silêncio. A sala de jantar mais cobiçada é aquela que acolhe conversas reais, risos demorados e pratos compartilhados, e a cozinha dos sonhos não é a que impressiona nas fotos, mas a que convida à presença”, explica Rose Chaves, arquiteta especialista em design de interiores.

Segundo ela, estamos vivendo a Era do Silêncio Emocional. “O verdadeiro luxo não está mais nas etiquetas, mas na experiência sensorial. Uma casa bem desenhada é uma casa que abraça, que cuida do seu tempo, da sua energia e do seu descanso.”
Para Rose Chaves, essa transição não é apenas estética, é psíquica. “O design de interiores virou terapia. É uma ferramenta concreta para restaurar o bem-estar emocional das pessoas e isso começa com escolhas muito simples: uma cabeceira de veludo que acolhe o corpo, uma poltrona em linho que vira refúgio ao fim do dia, cadeiras que convidam à permanência, mesas redondas que encurtam distâncias afetivas.”

A arquiteta ressalta que o novo luxo está na escolha de materiais naturais, nas formas arredondadas, nas cores que acalmam. Está em priorizar o espaço de convivência em vez da exibição, em integrar ambientes para favorecer o encontro, em valorizar o silêncio como valor emocional. Um lar bem desenhado hoje precisa responder a uma pergunta essencial: essa casa acolhe quem eu sou ou o que eu quero aparentar?
“É essa reflexão que tem guiado uma geração inteira de consumidores que já não buscam mais móveis, mas sim experiências. Não compram mais para impressionar visitas, mas para se reconectarem com aquilo que os sustenta por dentro”, afirma Chaves.
De acordo com a especialista, esse movimento é global, pois em Milão, nas últimas feiras de design, os estúdios que mais se destacaram foram aqueles que criaram peças sensoriais, ambientes silenciosos e composições que geram calma. “A madeira bruta, o linho natural, os tons terrosos, as curvas macias, tudo aponta para o mesmo caminho: o conforto virou símbolo de pertencimento, a simplicidade virou luxo e o tempo virou moeda”.
Se antes o consumo era sobre superar o outro, agora ele é sobre se recuperar de si mesmo. “A casa wellness é mais do que uma tendência: é uma resposta à exaustão de uma sociedade que se cansou de parecer forte e quer, finalmente, se sentir em paz e o design é o caminho mais íntimo, silencioso e transformador para chegar lá”, finaliza Chaves.