Estudo revela que infância marcada por violência aumenta risco de transtornos mentais na vida adulta

Estudo revela que infância marcada por violência aumenta risco de transtornos mentais na vida adulta

Psicólogo explica os impactos dos maus-tratos no desenvolvimento emocional, social e cognitivo de uma criança

A infância é uma fase decisiva para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo de uma pessoa. Quando marcada por maus-tratos, essa construção saudável pode ser comprometida, deixando impactos profundos que se estendem ao longo da vida adulta. 

Experiências de violência, negligência e abusos aumentam significativamente o risco do desenvolvimento de condições como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e dificuldades de socialização. Os impactos ultrapassam a esfera individual e refletem na sociedade, elevando os índices de evasão escolar, vulnerabilidade social e problemas de inserção no mercado de trabalho.

Uma pesquisa publicada no JAMA Psychiatry, da Associação Médica Americana,  em maio de 2024, quantificou essas consequências e revelou que aproximadamente 1,8 milhão de casos de transtornos de saúde mental poderiam ter sido evitados se os indivíduos não tivessem sofrido maus-tratos na infância. 

O estudo também aponta que mais de 184 mil anos de vida saudável foram perdidos devido a transtornos mentais diretamente relacionados a esses eventos adversos. Os dados evidenciam a gravidade do impacto da violência infantil sobre a saúde pública e reforçam a necessidade de fortalecer políticas de proteção e apoio às vítimas.

“A violência doméstica contra crianças e adolescentes representa um dos principais fatores de risco para a saúde mental das vítimas. Seus efeitos não se limitam à infância, pois impactam a construção da identidade, a capacidade de estabelecer vínculos e a forma como esses indivíduos enxergam o mundo e a si mesmos. Crianças expostas a essas situações desenvolvem níveis elevados de estresse, o que compromete áreas do cérebro responsáveis pelo controle emocional, pela memória e pela tomada de decisões”, destaca Fernando Caffarello, psicólogo e gerente de Projetos da ONG Ficar de Bem.

Para reduzir os danos causados pela violência infantojuvenil, a ONG Ficar de Bem atua há mais de três décadas na proteção integral de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e na defesa de seus direitos, realiza campanhas de conscientização além de oferecer assistência psicossocial gratuita e apoio especializado às vítimas e suas famílias.

“A atuação da Ficar de Bem se baseia em um modelo multidisciplinar, envolvendo psicólogos, assistentes sociais, advogados, pedagogos e educadores sociais. O objetivo é oferecer suporte integral às vítimas, promovendo a reconstrução de vínculos familiares saudáveis e contribuindo para a superação dos traumas vivenciados”, ressalta Caffarello. 

Além do atendimento direto, a ONG também trabalha em parceria com instituições públicas e privadas, fortalecendo redes de proteção e políticas públicas voltadas à infância e juventude.

O estudo evidencia ainda a urgência de fortalecer e ampliar os esforços na proteção de crianças e adolescentes, assegurando suporte e visibilidade a iniciativas como as desenvolvidas pela Ficar de Bem. Além da atuação do poder público, o engajamento da sociedade é fundamental para a prevenção e o combate à violência infantil. “Denunciar casos de maus-tratos, apoiar organizações sociais e promover ambientes seguros para o desenvolvimento infantil são ações concretas que podem fazer a diferença”, comenta o psicólogo. 

A erradicação da violência infantil é um desafio coletivo que exige comprometimento e ação imediata. Com um trabalho sério e comprometido, a Ficar de Bem segue atuando para garantir que cada criança e adolescente tenha a oportunidade de um futuro digno e promissor.

Para ampliar seu impacto, a organização convida a sociedade a se engajar em suas ações. Há diversas formas de apoio, como doações, trabalho voluntário e a divulgação das iniciativas nas redes sociais (@ficardebem). Mais informações também podem ser obtidas pelo site https://ficardebem.org.br/ ou WhatsApp: 99862-4355. 

“A proteção da infância não é apenas uma questão social, mas um investimento na saúde mental e no futuro do país”, conclui Fernando Caffarello. 

Sobre Ficar de Bem

A ONG Ficar de Bem é uma organização não governamental, sem fins lucrativos e sem vínculos políticos ou religiosos, que há 36 anos defende os direitos e oferece apoio integral a crianças, adolescentes e suas famílias vítimas de violência física, psicológica, sexual e negligência. Fundada em 1988 como CRAMI – Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância do ABCD – pelo pediatra Emílio Jaldin Calderon, a instituição atualmente é presidida pelo empresário Evenson Robles Dotto e conta com núcleos de atuação em Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema. Com 18 projetos voltados para prevenção, acolhimento e suporte social, além de coordenar o Bom Prato na região do ABC, a ONG mantém parcerias com o poder público que possibilitam a ampliação e sistematização do atendimento, rompendo ciclos de violência e promovendo relações de cuidado e respeito. Reconhecida por sua transparência e eficiência, a Ficar de Bem possui certificações e prêmios e é declarada Utilidade Pública em níveis municipal, estadual e federal, atuando conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), reafirmando seu compromisso com uma sociedade justa e igualitária. Além disso, a instituição está pelo terceiro ano consecutivo na lista das 100 melhores ONGs do Brasil.

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