Fundação das Artes celebra o legado de Eugênio Kusnet para o teatro brasileiro
No sábado, 30 de agosto, às 14h, a Fundação das Artes de São Caetano do Sul (FASCS) realizará o evento Kusnet 50+, celebrando a memória de Eugênio Kusnet, um dos maiores nomes do teatro brasileiro, falecido em 1975. O encontro acontece na própria instituição, no Laboratório de Teatro (Rua Visconde de Inhaúma, 730, bairro Oswaldo Cruz), em São Caetano. A atividade é gratuita e livre para o público de todas as idades.

A proposta é revisitar a trajetória do ator, diretor e professor de teatro, compartilhar memórias e refletir sobre a permanência de seu legado no teatro contemporâneo. O evento é uma parceria do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), por meio do Programa CULTSP PRO, e da escola de teatro da Fundação das Artes, sob a concepção da pesquisadora Celia Luca, ex-aluna de Kusnet.
Trajetória
Nascido Eugênio Chamanski Kuznetsov, em 29 de dezembro de 1898, no antigo Império Russo, Eugênio Kusnet chegou ao Brasil em 1926, onde se tornou uma das figuras centrais do teatro nacional. Foi ator de formação stanislavskiana, criador de papéis memoráveis e professor de toda uma geração de artistas entre os anos 1950 e 1970.

Sua estreia nos palcos brasileiros ocorreu em 1951, no espetáculo Paiol Velho, de Abílio Pereira de Almeida, com direção de Ziembinski. Em seguida, integrou o elenco do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), participando de peças históricas como Seis Personagens à Procura de um Autor e O Canto da Cotovia.
No Teatro de Arena, que hoje leva seu nome, Kusnet se destacou em montagens como Eles Não Usam Black-Tie e A Alma Boa de Setsuan. Posteriormente, no Teatro Oficina, tornou-se referência como ator e professor, orientando artistas que se consagraram no palco e na televisão.
Atuação na Fundação das Artes
Na Fundação das Artes, Kusnet consolidou sua vocação como mestre e formador de atores. Como professor e coordenador do curso de teatro da instituição, desenvolveu um trabalho inovador, pautado pela improvisação e pelo cotidiano do ator, formando gerações que levaram seus ensinamentos para a cena brasileira.
A FASCS foi também o último espaço em que Kusnet deu aulas. Em julho de 1975, pouco antes de sua morte, reuniu sua turma e despediu-se temporariamente dizendo que “logo, logo, estaria de volta”. Seu caderno de anotações, interrompido em 24 de julho daquele ano, guarda o registro do último exercício acompanhado na escola — páginas que permaneceram em branco, mas que simbolizam a continuidade de seu legado. Faleceu em 29 de agosto daquele mesmo ano, em São Paulo.
Além das aulas, Kusnet inspirou e colaborou com alunos e professores na organização de Ator e Método (1972), obra que se tornou referência obrigatória no ensino teatral e que nasceu em parte da vivência em sala de aula na Fundação das Artes.