Denim Meeting promove talk sobre Denim City SP
Pense em um espaço amplo, moderno, repleto de conhecimento, inovação, ambientes para coworking, restaurantes, construído com base na sustentabilidade e que, principalmente, tem como objetivo unir os elos da cadeia jeanswear?
Sim, este lugar existe e já está próximo de ser inaugurado. É a Denim City São Paulo, que tem previsão de abertura no começo de outubro, no bairro do Brás (antes da pandemia do novo coronavírus, o espaço seria inaugurado em maio junto com os lançamentos das tecelagens).
Para apresentar por completo esta proposta inovadora, o Guia JeansWear promoveu, na última terça, o webinar Denim Meeting Talks: Denim City SP – “Do propósito à missão, tudo o que você precisa saber sobre o lado acadêmico e empresarial do espaço que promete conectar a indústria do denim brasileira”.
A transmissão se encaixa dentro da programação Denim Meeting em sua versão online, com a presença de Márcio Negrão, CEO da Denim City SP, além da diretora acadêmica Maria José Orione, do diretor comercial Josué Varella, e o CEO da Tecnoblu Your ID e patrocinador da instituição, Cristiano Buerger – confira aqui o webinar na íntegra.
Com mediação de Iolanda Wutzl, CEO do Guia JeansWear, o bate-papo iniciou com Márcio Negrão contando sobre como tudo começou. “Essa conexão se deu em primeiro lugar porque o grupo que vem tocando o projeto tem uma paixão enorme pelo jeans e, em uma visita à feira Kingpins, em Amsterdam, fomos conhecer a matriz da Denim City que estava com projetos de expansão, incluindo São Paulo”, comentou o CEO.
Depois de muitas conversas, a cidade passou as outras capitais para a instalação de uma filial. “Em breve iremos conectar São Paulo com as grandes capitais mundiais, o que vai trazer uma riqueza grande de troca de aprendizados. Queremos ensinar e aprender continuamente”, completou Márcio.
O Brás foi o bairro escolhido para sediar a Denim City SP por ser um dos corações do segmento no Brasil. “Entendemos que o Brás representa uma parcela importante do denim brasileiro e, que lá teríamos mais efetividade. Além disso, encontramos o espaço perfeito em um galpão”, diz Márcio Negrão.
União da cadeia
Um dos principais objetivos do projeto é o trabalho em cadeia, que atualmente não é apenas uma opção, mas sim uma necessidade, trazendo resultados também para o entorno e o país. “Não tem como olhar diferente para 2020. O chique hoje não é o azul ou o amarelo, o chique é se colocar no lugar do outro”, afirmou Márcio Negrão, que ainda destacou que sem interdependência, as coisas não irão funcionar.
A Denim City São Paulo terá uma conexão direta com a matriz mas também liberdade de adaptação de conteúdo para a nossa realidade e o regionalismo de nosso país. Os cursos que iriam iniciar presencialmente em maio foram postergados por conta da pandemia e somente um (Do Algodão ao Denim), por enquanto, está sendo administrado de forma virtual, com a possibilidade de oferecer outras versões online.
Em outubro, previsão de inauguração, o espaço pretende oferecer os seguintes cursos. São eles:
• Do Algodão ao Denim: Aborda tecidos, processos e a história dos tecidos;
• Dando Forma ao Jeans: Foca em modelagem numa conexão entre o modelista e o design;
• Design, Pesquisa e Criação: Mostra a importância do design e das pesquisas, DNA de marca;
• A Magia do Denim: Lavanderia com foco em sustentabilidade;
• Como vender um jeans: Capacita vendedores sobre modelagem, tecidos, fits.
Para o ano que vem, será desenvolvido um curso mais aprofundado sobre sustentabilidade.
Segundo Maria José, a Denim City mantém parcerias muito ricas impulsionando a cocriação entre elas em um apoio mútuo à cadeia. O empreendimento também poderá capacitar outras empresas em diferentes estados brasileiros e oferecer cursos presenciais ou online.
“Estamos abertos para conversar com outras universidades, o denim é pouco explorado nas faculdades. No futuro queremos conversar com empresas e escolas de outras regiões contemplando o Brasil todo”, afirma a diretora acadêmica.
Segundo Cristiano Buerger, da Tecnoblu, o Brasil é um país que tem uma cadeia completa, uma das três únicas do mundo. Por isto, devemos aproveitar esse potencial. “A Denim City SP vai ser o início de um projeto que irá unir a cadeia, algo que não acontecia. Vamos começar a realizar lançamentos em conjunto e trabalhar para o jeans brilhar como aconteceu nos anos 80 e 90”, afirmou.
E continua: “Hoje essa cadeia não conversa com o mundo. Com todo o potencial que temos aqui, em poucos anos será respeitada pelo mercado mundial”.
O espaço
A Denim City irá reunir diferentes showrooms com lavanderias, tecelagens, aviamentos, empresas de tecnologia e patrocinadores incluindo ainda marcas atacadistas, fiação, entre outros. Haverá um espaço de coworking destinado a diferentes modelos de negócios, restaurantes, auditório e lavanderia piloto.
“Somos um grande HUB de conhecimento, informação, geração de negócios onde o empresário pode aprender como melhorar o seu negócio, o estudante irá aproveitar os cursos, o varejista pode capacitar sua equipe e a cadeia conseguirá fazer grandes parcerias”, comenta Josué Varella.
“Queremos entregar para o setor cursos que tenham efetividade e que nos coloque numa posição mais estratégica como país, sem nos afastar do que está acontecendo aqui”, diz Márcio Negrão. O CEO ainda afirma que a ideia é reconquistar a atratividade do setor que foi perdida com o tempo e levar as pessoas à pensarem juntos.
Feito no Brasil
A Denim City lançou ontem o movimento Jeans do Brasil com o objetivo de apresentar ao consumidor final, a importância do jeans brasileiro. “Não temos a cultura do denim no Brasil aos olhos do consumidor”, apontou Márcio.
“Esse projeto se iniciou com o intuito de abordar a rastreabilidade do jeans, mas foi sendo simplificado por causa da crise”, disse Maria José, que comentou também sobre outros movimentos que valorizam a moda brasileira. “Temos a vantagem de ter a parte agrícola, a indústria têxtil, da fiação à confecção e um varejo enorme. Tudo isso é um alento para que o Brasil retorne rápido pós pandemia, sem depender do turismo como outros países”, completou a diretora acadêmica.
Maria José também ressaltou que ainda existem ajustes no segmento, como lavanderias que não tratam corretamente a água ou a mão de obra escrava. Por isto, o consumidor precisa ser informado e ter consciência na hora de escolher qual marca irá comprar, valorizando sempre o produto brasileiro.
Para Cristiano, o Brasil tem uma condição única de evoluir a cadeia e potencial para ser um do três principais criadores, produtores e exportadores do mundo. E, para isso, é necessária a união, estar ao lado dos concorrentes para fortalecer o mercado. “Vamos chegar lá, mas tem que ser em conjunto”, comentou o CEO da Tecnoblu.
Josué contou que a inauguração irá reunir também o lançamento único com todos os elos da cadeia, não somente as tecelagens, já que o evento de maio teve que ser cancelado. “Acreditamos que isso pode ser uma grande comemoração, momento de retorno para celebrar a vida”, finalizou.
Fonte: Vanessa de Castro | Foto: Reprodução