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Ocupação Sinfônica da Orquestra de Santo André celebra os 200 anos da Independência

Ocupação Sinfônica da Orquestra de Santo André celebra os 200 anos da Independência

João Cristal

Apresentação acontece neste domingo no saguão do Teatro Municipal e terá no programa obras de Beethoven, Guerra-Peixe e duas composições inéditas do Projeto Brasil de 22 a 22; entrada gratuita

 Depois do sucesso da primeira edição, em agosto, a Orquestra de Santo André se prepara para a segunda Ocupação Sinfônica. A apresentação, no próximo domingo (25), às 11h, no saguão do Teatro Municipal, fará uma homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil com obras de Ludwig Van Beethoven e César Guerra-Peixe, além de duas composições inéditas dos músicos João Cristal e Denise Garcia, que integram o Projeto Brasil de 22 a 22.

A indicação é livre e a entrada é gratuita, limitada aos 400 lugares disponíveis no local e que serão ocupados pela ordem de chegada, respeitando as leis de prioridade para pessoas com deficiência e idosas.

A Ocupação Sinfônica propõe um olhar e uma audição diferenciados para os espaços da cidade, propiciando uma nova relação da música instrumental sinfônica com outras atividades culturais, esportivas e sociais.

Uma preocupação do diretor artístico e regente da Orquestra Sinfônica de Santo André (Ossa), maestro Abel Rocha, é fazer uma apresentação didática. Afinal, qual e relação de Ludwig Van Beethoven com a Independência do Brasil? O próprio maestro explica: ‘A Vitória de Wellington’, que abrirá o programa no domingo, é uma obra de Beethoven composta em 1813 para celebrar a vitória das tropas britânicas e portuguesas comandadas pelo Duque de Wellington sobre o exército francês em território espanhol.

“Beethoven, numa obra altamente descritiva, utilizou dois temas populares: ‘Malbrough vai à guerra’ para simbolizar a França, ‘Rule Britannia’ e ‘God Save the King’ para simbolizar a Inglaterra. A ameaça francesa a Portugal, pelas tropas de Napoleão, havia forçado a mudança da coroa portuguesa para o Brasil em 1808. Com a derrota e expulsão das forças francesas instaladas na Espanha, em 1813, numa força conjunta entre Portugal e Inglaterra, exigiu-se o retorno de D. João a Portugal e, em decorrência disso, aberto o caminho para a Proclamação da Independência brasileira em 1822”, explica o maestro.

Outra obra que integrará o programa no domingo é ‘Museu da Inconfidência’ do compositor brasileiro César Guerra-Peixe. A obra organiza-se como uma sinfonia em quatro movimentos: I – Entrada; II – Cadeira de Arruar; III – Panteão dos Inconfidentes; IV – Restos de um Reinado Negro. “Cada movimento alude à Inconfidência Mineira ou ao Museu da Inconfidência em Ouro Preto. Seu movimento mais famoso é segunda parte, ‘Cadeira de arruar’, também conhecida como liteira, que no Brasil era usada pelos senhores brancos para serem carregados por aí por seus escravos”, comenta o maestro.

Ainda sobre a música “Cadeira de arruar”, de Guerra-Peixe, o maestro Abel Rocha destaca: “ela pretende-se irônica e zombeteria, ao sugerir que os escravos, cientes de que seus donos não conseguem vê-los de dentro da cadeira, passam o caminho inteiro os ridicularizando. Daí o aspecto jocoso de suas melodias e estrutura musicais, alinhadas ao ritmo cadenciado do transporte”, finaliza.

Obras inéditas – E o programa da Ocupação Sinfônica deste domingo trará ainda duas composições inéditas de Denise Gracia e João Cristal, integrantes do Projeto Brasil de 22 a 22. São elas ‘Um dia de Março, do pianista, compositor e arranjador João Cristal; e ‘Hino de Pendências’, da compositora e professora de composição do Departamento de Música da Unicamp, Denise Garcia.

‘Um Dia de Março’ foi criada baseada numa história que tem um começo feliz, no meio a momentos de muita tensão, simbolizando o sofrimento, e no final o retorno da esperança e felicidade, numa coincidência interessante com o momento que vivemos no país, com a pandemia que começou exatamente no mês de março.

E ‘Hinos de Pendências’ é uma obra comemorativa dos 200 anos da Independência do Brasil. A composição é um jogo musical com diversos hinos brasileiros, de Portugal imperial, que colonizou o Brasil, e de nações que até os dias de hoje tentam manter o Brasil como um país subalterno, em particular Inglaterra e Estados Unidos.

Na obra, a semelhança de características sonoras entre esses hinos é explorada, ao mesmo tempo em que há um desmonte de suas estruturas com uma intenção de paródia. As citações entrecortadas e distorcidas das melodias desses hinos são propositais para que sejam reconhecidos seus significados simbólicos.

Serviço:

Orquestra Sinfônica de Santo André | OSSA

Direção Artística e Regência Abel Rocha

Ocupação Sinfônica e projeto Brasil de 22 a 22

Programa:

L. van Beethoven – A Vitória de Wellington

João Cristal – Um dia de Março

Denise Garcia – Hinos de pendências

Guerra-Peixe – Museu da inconfidência

1. Entrada

2. Cadeira de Arruar

3. Panteão dos inconfidentes

4. Restos de um reinado negro

Data: 25/9/22 (domingo)

Horário: 11h

Local: Saguão do Teatro Municipal Maestro Flavio Florence

Endereço: Praça IV Centenário – Centro – Paço Municipal de Santo André

Entrada gratuita. O local conta com 400 lugares sentados na plateia, que serão ocupados pela ordem de chegada e respeitando as leis de prioridade para pessoas com deficiência e idosas.